segunda-feira, 16 de julho de 2012

domingo, 15 de julho de 2012

Para conhecer um pouco de Norfolk e Suffolk UK.






Uma entrevista com a escritora P.D.James.

Adoro ler os romances de Lady Phyllis Dorothy W.James. Na minha opinião uma das maiores escritoras de mistério e histórias de detetives de todos os tempos . Ela e Agatha Christie  dominam esse gênero na literatura mundial. Sua escrita é refinada , pausada, reflexiva. Ela mergulha na alma dos personagens . Sua descrição da paisagem é um caso a parte . Já me peguei consultando o Google Earth e indo atrás de saber onde ficava  Ipswich ou a Igreja secular de Blythburgh . Peguei carona com o detetive da Yard Adam Dalgliesh e através de seus olhos de poeta pude  ver os campos ingleses e sentir o cheiro das árvores, das folhas e flores . Nas suas paradas reflexivas sentei com ele no cume das encostas e senti o vento  frio batendo no meu rosto. Caminhei nas praias geladas de Suffolk e Norfolk  e vi o por do sol de um farol   centenário . Seus livros são mais que simples contos de mistérios , são obras primas da literatura mundial. 

P.D.James concedeu a entrevista abaixo publicada hoje no Jornal O Estado de São Paulo . Vale a pena ler.

  Ubiratan Brasil - O Estado de S.Paulo
"Estamos no clima perfeito para o assunto, pois chove lá fora, o dia está tenebroso", sorri matreiramente, do outro lado da linha, uma senhora de 92 anos - P.D. James está em Londres, de onde conversa por telefone com o Estado sobre o livro Segredos do Romance Policial, recém lançado pela editora Três Estrelas. Trata-se de uma visão pessoal mas muito acurada sobre o gênero do qual ela é considerada uma especialista.
Afinal, dona de um estilo característico, Lady Phyllis Dorothy White James é capaz de criar, com uma impressionante riqueza de detalhes, a atmosfera e os personagens que mantêm os leitores em vigília, na expectativa de desvendar a identidade do assassino. Na verdade, a inventora do detetive Adam Dalgliesh se diverte ao alimentar uma contradição, pois, apesar de ser uma mulher sensível, de educação refinada e fã de Jane Austen, é capaz de escrever com evidente deleite sobre o mais sangrento dos assassinatos, sem o menor remorso. E também de sentir prazer com um dia chuvoso.
Em Segredos do Romance Policial, cuja tradução é de José Rubens Siqueira, P. D. traça uma linha do tempo, desde os precursores das histórias de mistério - como Edgar Allan Poe e seu conto Assassinatos na Rua Morgue (1841) e Wilkie Collins, autor de A Pedra da Lua, de 1868 - até os americanos Dashiell Hammett e Raymond Chandler, que revolucionaram a escrita policial, passando pelo clássico Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle, e sem se esquecer das sacerdotisas britânicas Agatha Christie (com quem James revela uma certa rusga) e Dorothy L. Sayers.
O livro apresenta ainda uma análise das diferentes etapas da criação das tramas de mistério, com destaque para a importância da ambientação e da caracterização dos personagens - P. D., por exemplo, planeja detalhadamente seus romances, fazendo anotações como se fosse um advogado prestes a enfrentar um caso insolúvel. Sobre seu ofício, a escritora concedeu a seguinte entrevista, sob o som da intermitente chuva londrina.
Costuma-se dizer que as mulheres são ótimas autoras de histórias de detetive. O que explicaria isso?
Acredito que as autoras criam um tipo específico de trama policial, mais interessada nos detalhes e com um olhar mais humano, o que muitas vezes torna suas histórias mais críveis. Agatha Christie tornou-se famosa especialmente por isso, além de seu interesse pelos motivos que movem os personagens. Aliás, essa é outra característica da escrita feminina: as razões que movem as pessoas nesse mundo tão violento. Raramente você verá alguém abrindo uma porta aos pontapés no romance de uma autora. Nosso trabalho, eu diria, é mais familiar.
Por outro lado, a literatura policial americana é essencialmente masculina, não?
Sim, especialmente graças à forte influência deixada por Dashiell Hammett e Raymond Chandler, criadores de detetives que agem à margem da investigação policial em grandes cidades, ou seja, um mundo essencialmente masculino - Miss Marple, por exemplo, atua apenas em pequenas vilas inglesas.
A senhora mencionou antes Agatha Christie e agora um de seus famosos personagens, Miss Marple: o sucesso dela incentivou outras mulheres a se aventurarem pela literatura policial?
Com certeza, até conheci escritoras que me diziam isso. E Christie realmente fez um sucesso tremendo, amealhando leitores em diversos países, o que é motivador para quem está começando. Mas não posso negar que particularmente me senti mais motivada por outra autora, Dorothy L. Sayers, cuja escrita é mais bem estruturada que a de Christie.
É possível afirmar que a literatura policial oferece um retrato mais realista da sociedade que outros gêneros literários?
Sim, acredito nisso. Nós, escritores desse gênero, buscamos um contato mais íntimo com a sociedade, especialmente com seus problemas. Basta conferir histórias detetivescas inglesas escritas antes da 2ª Guerra Mundial que saberemos exatamente como funcionava um escritório de investigadores, a rotina da polícia, as artimanhas dos criminosos, os salários inferiores recebidos pelas mulheres. É fascinante, pois é quase uma fotografia de uma época.
Apesar do estilo realista e descritivo, o romance policial revela algo de seu autor?
Alguns aspectos, sim. No meu caso, ao abrir algum de meus livros, você estará diante de uma mulher mentalmente organizada, que consegue alinhar ordeiramente o que está desordenado, que se sente satisfeita ao finalizar um quebra-cabeça e que é alguém interessado nos detalhes - a caracterização é o coração das minhas obras. Quem escreve histórias de detetive necessita impor a ordem e a justiça (ainda que imperfeita) no caos.
E como é desvendar a mente de um assassino?
Não acredito que um autor de policiais consiga plenamente fazer isso. O mais importante é conseguir o entendimento da situação a ponto de sua mente se confundir com a do personagem criminoso. Não realizei muito esse exercício, pois não tenho tantos assassinos assim na minha obra - não me interesso pelos psicopatas porque mata sem motivos justificáveis. Prefiro as pessoas educadas, seguidoras da lei que, por algum motivo obscuro, cometem um crime. Essas são mais fascinantes.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Só porque é bonito e agora é inverno.


Hora de Poesia.

A HORA DO CANSAÇO

As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.


Carlos Drummond de Andrade.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Hora da poesia.


Vandalismo (Augusto dos Anjos)  
Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.
Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.
Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos...
E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!"

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